A Justiça da Argentina condenou neste dia 20 o último presidente de fato da ditadura do país (1976-83), Reinaldo Bignone, a 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade, sequestros, torturas durante o regime militar.
Apesar de Bignone ter 83 anos, a Justiça revogou a possibilidade da prisão domiciliar, destinada aos que têm mais de 80 anos, e determinou que a pena deverá ser cumprida em uma penitenciária comum.
Bignone foi condenado por crimes contra a humanidade e por 29 casos de desaparecimentos e 38 de tortura contra presos políticos no Campo de Maio, definido como um centro de tortura pelas organizações de direitos humanos. Bignone era um dos chefes do local antes de ser presidente.
Ele ocupou a Presidência do país entre 1982 e 1983, após a guerra das Malvinas (Falklands, para os ingleses), quando a Argentina perdeu para a Grã-Bretanha, acelerando o fim da ditadura e o retorno da democracia. Bignone entregou o cargo ao presidente Raul Alfonsín (1983-1989).
Ele era o único dos ex-presidentes de fato daquele período ditatorial que ainda não havia sido julgado.
Poucas horas antes do veredicto, que foi lido diante das câmeras de televisão do país, Bignone disse que na época que assumiram o poder na Argentina, os militares foram obrigados a intervir.
"Foi uma guerra. As Forças Armadas tiveram que intervir para acabar com o terrorismo", disse ele.
Bignone afirmou ainda que na Argentina "falam em 30 mil desaparecidos (durante a ditadura), mas essa cifra jamais superou os 8 mil".
A decisão da Justiça foi comemorada com aplausos por diferentes entidades de direitos humanos, que assistiram pessoalmente a leitura do veredicto. "Foi feita justiça. Valeu a pena esperar tantos anos", disse a presidente da entidade de direitos humanos Avós da Praça de Maio, Estela Carlotto.
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